Josie Silva, mamãe de 3:
“Eu não sou a mãe da Maite, eu sou a avó dela. À noite, quando ela chega, vem aquela coisa da mãe, e eu quero fazer, eu quero estar no hospital. Eu queria… Aí a Natália na hora, na hora, mas é claro, com toda elegância, com toda calma… com todo aquele jeitinho dela, fala: ‘Mãe, sou eu, tchau’. Nossa, isso doeu, isso doeu, mas serviu para mim entender que eu sou vó com hora marcada, dia marcado. Então, eu tenho uma quarta-feira à noite, toda quarta, desde que ela nasceu, eu vou lá, e eu sou dela.”
“É claro que tem outros dias, final de semana, tem outros dias, mas eu sou vó dela, não sou mãe. Confunde… Confundiu o desejo de ter mais filho, entendeu? O desejo de pegar uma criança para criar, adotar, porque vem uma coisa, um amor, toda aquela coisa. Eu achava que era mito. Aí você é vó duas vezes, você ama mais que seu filho. Todo mundo falava, fala isso, né? ‘Ah, que vó mima, que…’ Nossa, estou pagando. É muito amor, assim, de doer. Quando não tá perto, assim, ela fica longe, quando eu não vejo, dá uma saudade, dá uma dor…”
Júlia Benatti, mamãe de 4:
“Eu nunca pressionei os filhos que eu queria neto, mas tipo, a hora que viesse, seria muito bem-vindo. Aí, quando a minha filha ligou que estava grávida, eu estava até no shopping, eu estava trabalhando com a minha patroa, a gente estava lá, e ela falou que estava grávida. Eu falei, ela falou assim: ‘Mãe, eu não sei, aconteceu’. Eu falei: ‘Nossa, mas cê não sabe como que engravida?’.”Aí, tipo, foi bem legal, eu gostei muito de saber que eu ia ser avó, e acompanhei a gravidez dela quando eu pude. No ultrassom, eu fui junto com ela e fiquei lá no quarto acompanhando até o bebê nascer. Para mim, foi bem gratificante.”
“Assim, a relação com o neto é muito diferente. Quando ele nasceu, eu abracei ele como vó. Hoje em dia, tipo, é mais que filho. A minha filha tem hora que diz: ‘Mãe, dá licença, a mãe dele sou eu!’, mas é porque eu cuido dele desde três meses e meio, que ela precisou voltar a trabalhar. Então, a minha relação com ele é praticamente de vó, de mãe, tem hora que mistura tudo e eu aqui.”
“Eles aqui falam que eu faço tudo que meu neto quer, mas eu faço até mais do que ele quer, entendeu? Mas, quando é para falar que não pode, eu também falo não, e não pode. Mesmo que ele dá uma teimadinha ali, mas eu falo: ‘Isso não pode!’. Daí ele já entende que aquilo não pode, que a vó falou que não pode. Agora menos, mas quando o neném nasceu, ela tinha umas regras que ela queria seguir pra hora de dormir, pra hora do banho, pra hora de tudo, e eu achava que isso deixava ele bem mal, assim, porque tinha hora que ele não queria dormir, e ela dizia que ele tinha que dormir. Eu criei os meus diferente. Os meus quando estavam com sono, dormiam, e quando não queriam dormir, não dormiam. Mas ela impôs umas regras, e elas segue até hoje, mas não funciona muito, não, ele dorme mesmo a hora que ele quer.”
Texto extraído e adaptado da conversa com Josie Silva e Júlia Benatti para o Ninho das Mães.