Lilian Oliveira, mamãe de 1:
“A maternidade é muito romantizada, né? Porque ninguém conta as coisas ruins, só as coisas boas, né? ‘Ah, você vai ver quando o bebê nascer, é tão maravilhoso…’, mas ninguém te conta que antes disso, há todo um processo de mudanças que começa na gestação. A própria gestação já é romantizada. Todo mundo fala: ‘Você está linda, sua pele está maravilhosa’, mas ninguém te conta que seus pés doem, que você não consegue comer, que há momentos em que você não consegue mais dormir, que um cheiro que costumava gostar agora não é mais agradável. Isso faz parte da romantização. Porque queremos que as pessoas passem por isso. A sociedade, enfim, quer que as mulheres passem pela gestação, mas se elas contarem a realidade, as mulheres podem não querer passar por isso. Como você vai até alguém e diz: ‘Ah, seu corpo vai mudar, muitas coisas vão acontecer, mas vai ser ótimo’?
Letícia Moreira, mamãe de 1:
“Eu acredito que a maternidade é romantizada pela sociedade, que é muito cruel com as mulheres em geral, mas também muito cruel com as mães. A todo momento, algo é imposto às mulheres, né? ‘Ah, você precisa ser mãe, precisa ficar em casa, não, você precisa trabalhar, nossa, mas você já vai trabalhar?’ Lembro-me quando a Moana tinha cinco meses e eu e meu companheiro, nós somos músicos, tocamos, e comentamos que tínhamos uma festa, vamos tocar, e alguém disse: ‘Nossa, mas vocês já vão voltar a tocar?’ Assim, não sei na casa dessa pessoa, mas aqui em casa as responsabilidades chegam todo mês e, enfim, estamos em uma sociedade capitalista, precisamos trabalhar para viver, porque viver é caro. Então, a sociedade está o tempo todo dizendo que a mãe está errada, que o problema é a mulher, né? Acredito que existe essa pressão social de que as mulheres precisam ser mães. Somos confrontadas com isso o tempo todo. E não é só isso. Se já é mãe, quando vai ter o segundo filho? E se ainda não é mãe, nossa, até quando? Ou, acho que a maternidade não permite isso, a Moana me ensinou a ocupar alguns espaços que depois da maternidade eu não achava que conseguiria, como, por exemplo, estudar. Então, a sociedade também está dizendo isso, nossa, você é mãe, não pode estudar, como assim?”
Evelyn Fiuza, mamãe de 1:
“Existe um lado incrível na maternidade, emocionante. Não sei descrever outra experiência que se compare à maternidade. Mas também há partes difíceis, uma carga que vem junto, não é? Ser mãe desde a gestação até a fase em que a criança se torna um bebê e depois uma criança maior, acho que há certo romantismo nisso. Acho que é necessário dizer que não é o fim do mundo, porque durante um tempo vi as pessoas quase lamentando quando alguém estava grávida, por causa dessa questão social, moral de ser mãe. Mas acredito que tudo está interligado, é difícil ser mãe porque temos uma sociedade que coloca uma grande carga sobre as mães, mas não é a pior coisa do mundo, muito pelo contrário, é lindo ser mãe. É lindo amar do jeito que amamos, cuidar do jeito que cuidamos. Essa rede de apoio entre mulheres existe por causa da maternidade, caso contrário, teríamos várias amigas, como sempre tivemos, mas há uma força nessa rede de apoio que é por causa da maternidade. Então, há muitas coisas boas, não é a pior coisa do mundo, mas há muitas questões que precisam ser cuidadas.”
Texto extraído e adaptado da conversa com Lilian Oliveira, Letícia Moreira e Evelyz Fiuza para o Ninho das Mães.